sábado, 24 de setembro de 2011

O essencial é "vêver"...



"O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência nem mesmo o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por ele passa  indiferente".
Mário Quintana



Dias atrás me veio a mente escrever sobre o olhar, sobre o que vemos, como vemos, sobre o que estamos aptos a ver de verdade... Daí hoje me deparei com esse trecho do Quintana (acima citado) e me voltou forte a vontade de refletir o meu "vêver" ou  "viver"?! Porque a gente vive olhando, nosso cotidiano é um álbum de riquezas infindas, mas será que as estamos vendo?!

Quantas vezes você em algum instante viveu um momento de profundeza visual-afetiva, estando você dentro da cena ou não e disse a si mesmo: - Que massa... Queria ser (ter) uma maquina fotográfica agora. Se você nunca sentiu isso... Só posso dizer que se esforce, pois é muito bom! Se esforce em ver de verdade, em olhar a profundeza dos momentos, das ditas pequenas coisas, dos relances do caminho, seu arredor neste momento,  no ônibus quando vai ao trabalho, na praia enquanto toma uma gelada... Digo relances, pois comum se emocionar com os que já são cativos do nosso coração (pais, filhos, amigos, amores...), mas o mundo está cheio de lindezas... Tem visto?! Isso é "vêver" e não quer dizer que deixe de ver os doces momentos junto aos próximos, mas alargar esse olhar amoroso a fim de reconhecer beleza em momentos de um doce desconhecido.

Ao citar o "dias atrás" do inicio do post me referi a um dia em que estava indo a João Pessoa (o mar mais próximo) e numa curva do ônibus, vi sentando no meio fio da rua um artesão trabalhando em miniaturas de barro. Me veio  logo a mente: - Puxa... uma maquina... E emendei a relembrar outras tantas cenas vistas-sentidas que foram perdidas por um flash, mas guardadas eternamente na memória. Uma delas anos atrás, também dentro de um ônibus, este agora no centro de Fortaleza, a noite, vi numa esquina, um gari de pé junto a um latão de lixo em séria postura lendo um jornal aberto em punho, provavelmente jornal que pegou no lixo e se não me falhe a intuição talvez até fosse o caderno de esportes... Digam se não merecia uma foto?! E outros tantos momentos emocionantes como na primeira apresentação de flauta das crianças do Solar dos Girassóis, que enquanto os via tocar e depois na ciranda final, o tempo todo agradecia a Deus por estar viva, por merecer "vêver" naquele instante.

Já ouviram falar em iridologia?! Já fiz uma consulta uma vez... Não vou entrar em detalhes, mas foi muito interessante. Quem tiver oportunidade e/ou curiosidade, indico. Gostei muito.

"Quero ter olhos pra ver a maldade desaparecer..." É Nelson Cavaquinho... Eu também quero. Quero "vêver" cada dia bem, mais e melhor.




A raposa pediu que o Pequeno Príncipe a cativasse.

“– O que é cativar?’, perguntou o Pequeno Príncipe.

“– Cativar é assim”, explicou a raposa. “Eu me assento lá longe e você se assenta aqui. Eu olho para você e você olha para mim. No dia seguinte nos assentamos mais perto. Eu olho para você e você olha para mim. Até que nos assentamos juntos. Se você me cativar eu pensarei em você, conhecerei o ruído dos seus passos e sairei da minha toca quando você chegar...” Aconteceu então que o Pequeno Príncipe cativou a raposa. O tempo passou e chegou um dia em que ele disse à raposa:

“– Preciso ir...”

A raposa disse: “– Vou chorar...”

“Não é culpa minha. Eu não queria cativar você. E agora você vai chorar... O que é que você ganhou com isso?”

“– Ganhei os campos de trigo”, disse a raposa.

“– Como assim?”, perguntou o Pequeno Príncipe sem entender.

“Eu sou uma raposa. Eu como galinhas, não como trigo. Os campos de trigo não me comovem. Mas porque você me cativou eu amarei os campos de trigo. O seu cabelo é louro. Os campos de trigo são dourados. Assim, quando o vento bater nos campos de trigo eu me lembrarei de você e sorrirei...”.


(Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Roger Foscolombe de Saint-Exupéry)


Uma amiga da blogsfera que sempre visita o Dia de domingo e escreve de uma forma bem interessante não só, mas também sobre filmes em seu blog (curiosos visitem o Road trip da Nina) deixo uma pergunta-dica.
Hein Nina, como seria viver em "O pequeno príncipe"?!

Um comentário:

  1. Oi...adorei os dizeres sobre o Jardim de Mário Quintana e sempre tenho esses momentos vêver agitando meus olhos, acho que vou andar com uma máquina fotográfica sempre...pra registrar um desses eternamente. Beijos !!!

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